sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A guerra da mídia e os inimigos do povo

A guerra entre as duas grandes emissoras brasileiras está a todo vapor. Não há muita novidade nas acusações à Globo, e muito menos nas direcionadas à Record. Mas o ponto interessante é outro. Se aproxima a eleição presidencial e não é difícil imaginar dois grupos de poderosos inimigos do povo por detrás de tal guerra, tentando cada qual usar todos os recursos possíveis, nos quais tecnologia e imoralidade não possuem limites, para argumentar quem é mais canalha. Dá pra imaginar quem são os amigos do bispo bem intencionados em denunciar a 'ditadura da Globo'.
Daqui pra frente, todo mundo é amigo do povo. Do lado de cá, o senso comum da população normalmente se conforma com a máxima de que todos são canalhas. Aí está o problema, pois é assim que se torna obscuro quem são os inimigos. Parece que a guerra é entre eles, duas ou três fatias da elite que querem o poder. Como se não tivéssemos nada com isso. Não percebemos que a guerra maior é deles contra nós. Parece um pouco senso comum isso. Por que falar de política na atualidade torna-se cada vez mais difícil. Os jargões da sociologia oficial são previsíveis e em boa parte estão corretos. Precisamos aperfeiçoar nossas instituições, atuações da sociedade civil tem cobrado do Estado melhores posturas, o mercado tem assumido melhor que o Estado certas funções sociais.
O que falta dizer é que na verdade a guerra maior é das classes dominantes, eternizadas em seus privilégios, cujos efeitos na política nacional, mobilizados geralmente na mídia as vesperas das eleições são apenas parte, contra o povo. Esta guerra maior, de classes, nunca se mostra como tal. No mundo moderno, só nos percebemos como indivíduos, onde cada qual deve perseguir seu destino. Nesta lógica, a relação com a política e os políticos pode ser a do apadrinhamento, a da velha boquinha, onde alguns se salvam.
A coincidência de destinos de indivíduos derrotados na competição social, de um lado, e de outros vencedores, por outro, o que não é por acaso, conforma condições de classe distintas que praticamente se eternizam na história brasileira. De um lado os vencedores tem oportunidades de direta ou indiretamente levarem vantagens relativas do lado dos inimigos do povo. Diretamente, como apadrinhados em nível nacional ou local, e indiretamente, nas vantagens que a política estatal pode oferecer a profissões qualificadas. A relação com os desqualificados, os derrotados, é sempre a mais difícil. Formam as massas vulneráveis a todo populismo. No momento crucial de decisão eleitoreira os grupos dominantes inimigos entre si de forma declarada, e inimigos ocultos do povo, tentam provar, em grande parte pela máquina midiática, quem é amigo do povo. Por isso já é hora de tentarem provar quem é mais bonzinho.

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